domingo, 16 de dezembro de 2018

A Enfermagem está de luto.

Bom dia meus queridos rubis!! Como é que têm passado?
 
Hoje vinha escrever um post feliz, motivador e entusiasmante que tinha pensado durante a semana. No entanto, não consigo ficar indiferente à tragédia que aconteceu ontem, com um helicóptero do INEM.
 
Sou enfermeira, apesar de todas as questões que isso acarreta na minha vida. Estamos a meio dum furacão, devido à greve cirúrgica. Temos os holofotes estão virados para nós. Temos a população contra nós (de uma forma generalizada), o governo a tentar fazer de nós uns autênticos vilões, e uma nova petição em curso para avançar com a continuidade desta greve.
 
Enfim, havia muito para dizer em relação a este tema bicudo, mas hoje, só consigo pensar na tristeza de morrer no exercício de tão nobre profissão.
Todos os dias, damos algo de nós aos outros, todos os dias deixamos para trás as nossas inquietações pelas inquietações dos outros, todos os dias colocamos o doente em primeiro plano, deixando para trás necessidades básicas como ir à casa de banho, todos os dias cuidamos de pessoas, esquecendo por vezes de cuidar de nós e da nossa saúde. E não, não estou a exagerar porque vivo isto dia após dia.
Se ficamos cansados, se ficamos rabugentos, se ficamos menos tolerantes? Sim, os anos passam e aquilo que se ouve é "tenham paciência, o doente está em primeiro, façam o esforço, as condições são estas, coloquem-se no lugar do outro..." Tudo muito bonito e sensato até. Mas trabalhar sem recursos materiais e humanos, com o esforço físico e psicológico muitas vezes no limite, e ao fim do mês, ver que esse esforço não é devidamente compensado pelo menos monetariamente, é frustrante...muito frustrante.
 
E já me estendi um pouco... Falar desta profissão tem este efeito sobre mim. Tenho uma profissão nobre, que me dá uma grande realização pessoal sempre que sinto que fiz algo fundamental, tocante e essencial para a saúde e vida de alguém!!! Mas é só mesmo isso! O resto, é um quadro cinzento de esforço, confusão, direitos quebrados, trabalho árduo, noites intermináveis, e pouco ou nenhum reconhecimento!
 
Quando uma enfermeira morre, após transportar um doente grave para um hospital onde terá cuidados especializados, não consigo evitar pensar nas vicissitudes da minha profissão. Mas mais importante, não consigo controlar a tristeza que sinto ao pensar nesta tragédia. Era uma colega minha, que se dedicava a esta profissão, que fazia o seu exercício profissional no INEM, que trabalhava em prol do outro, em prol de quem precisava dela, e com toda a certeza, fazia-o com toda a dignidade que esta profissão acarreta. Todos os enfermeiros devem pensar naquela colega e prestar-lhe uma singela homenagem. É a única coisa que nos resta fazer. Envio de forma simbólica, os meus sinceros sentimentos à sua família e amigos. Somos todos enfermeiros, e hoje, sem dúvida que a enfermagem está de luto.
E envio claro, a todos os familiares e amigos dos restantes ocupantes do helicóptero do INEM, os meus sinceros sentimentos.
 
 
Não haverá ninguém mais digno de ser homenageado, do que alguém que morre para salvar outras pessoas.
 
Hoje, é mesmo só isto meus estimados rubis.
 
 

Sem comentários:

Enviar um comentário

Mensagens mais vistas